domingo, 30 de dezembro de 2012

Memória eidética, número dezassete

A bola de ano novo de Time Square, Nova York, 1978

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Guerra Civil, de Pedro Caldas

Dizer que não há bom cinema em portugal é não conhecer o que por cá se faz. 

Admito, à priori, não ser grande conhecedor do nosso cinema. Conheço algumas coisas que me despertaram a atenção, algumas das quais já aqui foram partilhadas, a maioria no campo das curtas metragens e dos documentários, e agrada-me também a descoberta. 

Há alguns dias estava a dar este filme na RTP2 (que passa muitos filmes portugueses), vi-o do inicio ao fim, e tem tudo para ser óptimo: um rapaz solitário que vive apenas no seu mundo, uma rapariga que lhe mostra alegria, música dos joy divison, uma geração adulta frustrada na idade e uma palete de cores a roçar o antigo. Tudo semelhante ao que se vê lá fora e que normalmente atrai, nem que seja os seguidores do cinema indie. Não digo que se devam seguir receitas, nem tão pouco que Pedro Caldas as seguiu. A história é boa e sólida, e a forma escolhida para desenrolar a acção e mostrar as personagens, sublime. O que quero dizer é que se este filme viesse de fora toda a gente falava ou já tinha, pelo menos, ouvido falar dele.

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

o fim, de B Fachada



é assim, o fim.

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

tenho tido sonhos de voar | farto de voar, d'os sobreviventes de b fachada

Farto de voar, pouso as palavras no chão. Entro no mar, sinto o sal de mão em mão. Tenho um barco na vida espetado, só suspenso por fios de um lado e do outro a cair, no arpão.
Levo a dormir, sonhos que andei para trás. Ergo o porvir, trago nos bolsos a paz. Tenho um corpo na morte espetado, só suspenso por balas de um lado, e do outro a escapar de raspão.

Sérgio Godinho, in Farto de Voar

B Fachada, Minta e João Correia  - Farto de Voar

domingo, 23 de dezembro de 2012

Memória eidética, número dezasseis

Crianças a incendiar árvores de natal, Roterdão, 1964, por Winfried Walta

sábado, 22 de dezembro de 2012

o apocalipse das ideias

Existem forças capazes de mover homens. Capazes de penetrar na sua pele, seguir pelos vasos sanguíneos e ficar alojadas nos tecidos moles. Existem forças que se replicam na existência do homem, como um vírus. Existem ainda forças que corroem e destroem toda a sua metafísica. As ideias são todas essas forças. As ideias instalam-se e corroem, são metásteses mentais. A religião é uma dessas ideias, a crise, de uma certa forma, também. E todos os supostos apocalipses.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Cadernos da Tese: o tempo que passou

O tempo passa que nem uma rajada de vento, é o primeiro inimigo de quem está a fazer uma tese. Metade do semestre que tenho para fazer esta dissertação é passado. Os conjuntos de palavras, ideias e concepções começam a ganhar uma forma mais real, tanto no papel como na cabeça. É assim que funciona esta máquina, sempre foi, primeiro conceber concretamente tudo na cabeça e só depois passar para acção à frente ao teclado, já com algum vento nervoso no estômago, e no ponteiro do relógio. Os próximos três meses esperam-se atribulados. É como se diz, na natureza não existem linhas rectas.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

sobre o dinheiro

Mas a família Leo Vast resistiu confortavelmente às mudanças. Era como se as mudanças políticas afectassem a base da sociedade, mas nunca chegassem aos andares mais altos. O dinheiro é democrático, se necessário, e ditatorial, se necessário. É a matéria flexível por excelência. Obedece às leis que ele próprio impõe: eis o dinheiro.

Gonçalo M. Tavares, in Um Homem: Klaus Klump

Será necessário acrescentar mais alguma coisa?

domingo, 16 de dezembro de 2012

Memória eidética, número quinze



Andy Warhol and Candy Darling, Nova York, 1969, por Cecil Beaton

sábado, 15 de dezembro de 2012

nunca parto inteiramente

















Nunca parto inteiramente. Vivo de duas vontades: uma que vai na corrente, a outra presa à nascente, fica para ter saudades.

Manel Cruz, in Nunca parto inteiramente

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Mario Vargas Llosa, sobre Lisboa, Saramago, Lobo Antunes e Pessoa

Gosto muito de Lisboa, sobretudo como a parte velha se conservou e está viva dentro da cidade moderna. Há qualquer coisa de tradicional que dá um ritmo especial à vida em Lisboa, de que gosto muito. Fiquei sempre com uma magnifica impressão, é uma cidade com muita personalidade, onde a vida parece que vai mais lenta do que noutras partes. As livrarias são muito bonitas. As velhas tascas, tão simpáticas, de ambiente tão acolhedor. É uma cidade muito literária, não? (...)

Apesar de termos muitas diferenças politicas, éramos muito amigos. E sou muito amigo de Pilar, sua viúva. Creio que Saramago contribuiu muito para impregnar Lisboa de imagens literárias. É impossível chegar a Lisboa sem sentir a presença da literatura, que está impregnada nas ruas. Gostaria muito de escrever aí, nos cafés, nas ruas. (...) Gosto da coisa enlouquecida que têm os seus romances (António Lobo Antunes), que começam na realidade e disparam sempre para um mundo visionário, quase fantástico. Um escritor muito interessante, em contraponto com Saramago, que era mais apegado ao mundo objectivo. Complementam-se. (...)

Li muito em português. Gosto muito da língua, acho-a bela, musical, poética, literária. Li toda a obra do Pessoa em português, mesmo havendo boas traduções. Sou um grande admirador do Pessoa.

Mario Vargas Llosa, em entrevista para a Sábado

Nunca li nada de Vargas Llosa, penso só ter ouvido falar dele aquando do prémio nobel que ganhou em 2010. Mas vê-lo falar assim faz-me orgulhoso.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Provérbios flamengos e o espelho da sociedade

Falei deste quadro há bem pouco tempo e é engraçado ir vendo os seus pormenores e descobrir que é um óptimo espelho da sociedade. Quando se olha para o todo, vê-se uma paisagem rural, característica da época e até bastante pacifica. No entanto, olhando a cada detalhe passam-se coisas verdadeiramente estranhas. O que mais me agradou foi mesmo essa primeira impressão apaziguadora que o quadro transmite e depois verificar que não é nada assim, que é tudo uma grande confusão caótica. A mesma sensação que tenho quando passo na ponte por cima de alcântara: lá em baixo a vida é tão pequena e sem detalhe.


Provérbios Flamengos, de Pieter Bruegel the Elder


domingo, 9 de dezembro de 2012

Memória edética, número catorze


 Writing on water, Foster's Pond, 2000, por Arno Rafael Minkkinen 

sábado, 8 de dezembro de 2012

Estes senhores ontem mandaram abaixo uma pequena sala do S.Jorge

E, mesmo fazendo parte do mexefest, foi um concerto bem intimista.

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

descobertas interessantes

Na secção de livros encontrei esta capa...


... que logo me recordou a do primeiro disco de fleet foxes.

Ambas provenientes de um quadro de Peter Bruegel com o nome de Os Provérbios Flamengos. É este tipo de interacção que gosto na arte: uma pintura mais velha que qualquer individuo à face da terra fazer agora parte de duas obras de arte, neste caso da literatura e da música contemporâneas.

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

um poema que me faça lembrar as raízes

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele

Alberto Caeiro, in O Tejo é mais belo

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

basket case, por Luísa Sobral

Não sou seguidor nem conhecedor da música da Luísa Sobral, pelo menos até agora. No outro dia, numa viagem de carro, ouvi-a cantar uma música que me era conhecida e que já não ouvia há alguns anos. Não a reconheci de imediato mas sabia a letra. No entanto reconheci a voz de quem a cantava: a Luísa tem uma voz que se distingue e que é bem bonita para músicas que enviam aquele tom melancólico. É o caso da versão que fez de basket case, dos green day. Para mim foi impossível não gostar.


domingo, 2 de dezembro de 2012

Memória eidética, número treze


Woody Allen e Diane Keaton, 1972

sábado, 1 de dezembro de 2012

cavaco silva, sobre o seu silêncio

Todos sabem que o silêncio do Presidente é de ouro, hoje a cotação do ouro foi de 1730 dólares por onça, uma onça são 31 gramas, mais 1.7% do que a cotação do ouro naquele dia (...) em que a generalidade dos portugueses ficou a saber o significado da conjugação de três letras do alfabeto português: "t, s, u"

Cavaco Silva, ironizando sobre o seu silêncio (expresso)

Onde fazemos a troca? é muito silêncio.