O outono já está velho para vir. já não vem, ou demora. já não vem a mudança, as folhas a cair, a nudez e o ligeiro arrepio à frente do espelho. Lembro-me de ser pequeno e as folhas caírem, ficavam ainda no chão algum tempo, ficavam estaladiças primeiro e só depois molhadas, assim já não faziam sons. estavam como que afogadas: estendidas e moles. mas ainda demorava até ficarem assim, primeiro ficavam estaladiças e eram boas de pisar. Agora já não há mudança, nem a nudez e nem o arrepio ao espelho, tomamos banho vestidos e mal nos olhamos. Já não há outono, ou demora, mas já não é a mesma mudança. eu preciso da mudança, as minhas cordas precisam da mudança. estão gastas e moles, estão velhas para vir.
O António José Seguro, ó Pedro Nuno?
Há 10 horas
1 comentário:
Também sinto falta da mudança...muita falta!
Uma boa reflexão outonal, esta!
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