segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

a história invisível

Os factos históricos, acreditava, Lenz, a história no seu sentido mais amplo, para além do que mostrava, tinha ainda uma série de movimentos que se faziam atrás das costas. No entanto, como estávamos (hipnotizados) de frente para os acontecimentos históricos visíveis, não víamos os outros.

Gonçalo M. Tavares, em Aprender a rezar na Era da Técnica

o gesto invisível

«Lenz considerava, aliás, estes movimentos não visíveis semelhantes aos gestos que uma pessoa pode fazer, estando em frente de outra, com a mão atrás das costas. Mão que é espantosamente visível para ele próprio, embora não com os olhos e, ao mesmo tempo, invisível para o homem que está mesmo à frente.» E quando a mão está visível, gesticula-se com a cabeça. A mente pode ser uma ferramenta tão violenta quanto a mão.

(Gonçalo M. Tavares, Aprender a rezar na Era da Técnica)

domingo, 29 de dezembro de 2013

Memória eidética, número setenta e oito


Salvador Dali vestido de Pai Natal, Dezembro de 1961

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

o que se aprende ao ler uma entrevista do Lobo Antunes

Aprende-se que, antigamente, nos museus, haviam escarradores a cada dez telas. E, provavelmente, não só nos museus. Pensem nisso, para mim, pensar apenas no som de outra pessoa a fazê-lo é suficiente. Enfim, lêem-se também coisas destas:
Aliás, o que é um prémio literário? Um prémio não honra um escritor, os escritores é que honram os prémios. Devíamos dar os parabéns ao Nobel por alguns grandes escritores o terem ganho...

Leiam o resto aqui.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

sonho de um homem ridículo

Para mim, um progressista russo, moderno, ignóbil, parecia inconcebível, por exemplo, o facto de que elas, sabendo tanta coisa, não tivessem a nossa ciência. Porém, não tardei a compreender que a sua sabedoria se completava e se alimentava por outro discernimento que não o da Terra, e que as suas aspirações também eram muito diferentes. Não desejavam nada e eram tranquilas, não ansiavam pelo conhecimento da vida da mesma forma que nós, quando tentamos tomar consciência dela, porque a sua vida era uma vida plena. Mas a sua sabedoria era mais profunda e superior do que a nossa ciência, porque a nossa ciência procura explicar o que é a vida, tenta consciencializá-la para ensinar a viver os outros; ora, aquela gente sabia, sem a ciência, como tinha de viver.

Dostoiévski, em Sonho de um homem ridículo

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

domingo, 22 de dezembro de 2013

Memória eidética, número setenta e sete


Vendedeiras ao sol, Lisboa, 1955, por Henri Cartier-Bresson

sábado, 21 de dezembro de 2013

espero que 2014 traga o b fachada de volta

Há um ano atrás, na mudança para o dia do suposto fim do mundo, estava no último concerto do B Fachada. Não estava muito medroso com o apocalipse, mas também não havia melhor forma de ir desta para melhor, se é que esta expressão faz algum sentido neste contexto. Foi uma b.leza.



sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

Cadernos da Bina: pedal em espera

Finalmente encontrar uma bicicleta que me agrade no mini-mercado da bina, grupo do facebook, negociar o preço, fechar o negócio.(Des)Esperar uma semana por ela ainda não ter chegado. Ligar à porcaria da transportadora vezes sem conta sem que alguém atenda, olhar desconfiado para as mensagens do facebook da pessoa que ma vendeu. Lá conseguir que alguém me atenda os telefonemas, talvez chegue amanhã. 

Pensava que neste altura já me tinha fartado de pedalar. Dia 27 há massa crítica, não quero fazer má figura.

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

José e Pilar, de Miguel Gonçalves Mendes


Adiado por demasiado tempo. Documentáriozaço.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

dostoiévski, sobre o discurso dos políticos

Deixam-nos, porém, tagarelar. Todos os problemas estatais, e o parisiense emociona-se com delícia. Sabe que haverá eloquência, está feliz. É claro que sabe muito bem que não haverá mais do que eloquência, que haverá tão-só palavras, palavras e mais palavras, e que de palavras não resultará absolutamente nada. Mas isso também o faz muito feliz. (...) E o representante está sempre disposto a fazer discursos para divertir o público. Coisa estranha: ele próprio tem a certeza absoluta de que dos seus discursos nada resultará, que tudo é uma brincadeira, jogo e mais nada, um jogo inocente, um carnaval;

Dostoiévski, apontamentos de inverno sobre impressões de verão

Cá a eloquência veio com a troika.

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

um disco intimista para meio de dezembro


Ainda vasculho os discos de 2013 por ouvir. Este foi um deles.


domingo, 15 de dezembro de 2013

Memória eidética, número setenta e seis


Mulher envergonhada depois de pôr filhos à venda, 1948, Chicago

sábado, 14 de dezembro de 2013

a palavra do ano

Nem sei o que pense sobre a escolha da palavra do ano. Li algures na internet que a internacional foi selfie. Com tantas coisas relevantes e históricas que aconteceram no mundo em 2013, a palavra escolhida é uma que designa algo que se faz há imensos séculos, um auto-retrato. Quanto à portuguesa, só espero que mostre algum activismo politico, embora nos dias que correm seja pouco o que não mostre.

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

mais uma vez jorge pelicano para salvar o tua

Um pequeno vídeo do Jorge Pelicano para a Plataforma Salvar o Tua. Visitem e partilhem, a causa é nobre e urgente!

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Dostoiévski, sobre a liberdade

De facto, proclamaram: liberté, égalité, fraternité. Muito bem. O que é liberté? Liberdade. Que liberdade? Liberdade, igual para todos, de cada qual fazer o que quiser dentro dos limites da lei. E quando se pode fazer o que se quiser? Quando se tem um milhão. E a liberdade dá um milhão a cada um? Não. O que é um homem sem um milhão? O homem sem um milhão não é aquele faz o que quer, mas aquele de quem se faz o que se quer.


Dostoiévski, em Apontamentos de inverno sobre impressões de verão

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

das manifestação bonitas, desta vez em kiev


Depois da revolução dos cravos, a manifestação da leitura na turquia, que já aqui tinha mostrado, e agora a manifestação ao piano em kiev. Parece que o mundo anda a aprender coisas bonitas connosco, e nós a esquecer aquilo que já fomos.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Memória eidética, número setenta e cinco


Edith Piaf e Théo Sarapo, por Hugues Vassal, 1957

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

a canção da sexta-feira

Somos
A vez dos zonzos
Talvez enquanto
Quisermos ser
Daqui pra já
Eu e você
Daqui pra lá
Não vai sobrar
Nada pra ser
Mas quem se importa? É sexta-feira, amor! Sexta-feira!
Cícero - Ponto Cego

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

dos dias singulares

Existem dias bons e existem dias maus, dias da inutilidade, outros em que nem se tira o pijama. Existem dias iguais, dias que fogem à rotina, outros a roçar aborrecimento e existem dias em que um completo desconhecido te aborda na rua, pergunta-te se és o Francisco e te diz que é teu primo. Truestory bro.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

é isto

O bernardo cantava ao tempo para cantar, eu escrevo ao tempo para ler: sobra-me tempo para ler. Mas também não poupo a voz.

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

silêncio

«Fica o silêncio depois da música e depois do sermão, que importa que se louve o sermão e aplauda a música, talvez só o silêncio exista verdadeiramente.» Ainda que sejam silêncios completamente diferentes, mas, até vou mais longe, talvez seja o silêncio o que de mais próximo existe de uma verdade absoluta.

(Saramago, em Memorial do Convento)

domingo, 1 de dezembro de 2013

Memória eidética, número setenta e quatro


Fernando Pessoa com António Botto, Raul Leal e Augusto Ferreira Gomes no Martinho da Arcada, Lisboa, 1928