segunda-feira, 30 de setembro de 2013

um turbo lento


Acabar o mês e começar a semana com um novo disco dos linda martini. Que bom que é. Que continuem a ser aquela banda.

domingo, 29 de setembro de 2013

Memória eidética, número cinquenta e cinco

Manoel Bandeira, Chico Buarque, Tom Jobim e Vinicius de Moraes, anos 60, por Pedro de Moraes

sábado, 28 de setembro de 2013

rezar é como encomendar

Tenho muitos medos e eles ficam a cobrir o céu e a fazer inverno e tempestades. Odeio o inverno, confessava ele. Fico fechado a rezar. Rezar é como dar corda à morte. Quanto mais rezamos, mais encomendados a deus estamos. E ele vai sempre lembrando mais e mais, até poder decidir que lhe fazemos jeito e nos mata. Quando deus me matar, vou revoltado, porque sentirei a falta de aqui estar eternamente.

Valter Hugo Mãe, em A Desumanização

as tempestades são tramadas

Curiosamente, hoje estava a ver o lost e o Mr. Eko, com o seu ar erudito de espiritualidades, diz ao Locke não confundas coincidência com destino.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

o cavalo, de rodrigo amarante

Ouvi pela primeira vez o Rodrigo Amarante quando abriu o concerto do Devendra. Já conhecia Little Joy, mas não é a mesma coisa. Faz canções muito boas. E ali só, por vezes com alguns músicos a acompanhar, viu-se bem o seu calibre. Confiram aqui o disco, está para audição gratuita.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

uma pequena e ingénua convicção

Todas as lagoas do mundo dependem de sermos ao menos dois. Para que um veja e o outro ouça. Sem um diálogo não há beleza e não há lagoa. A esperança na humanidade, talvez por ingénua convicção, está na crença de que o individuo a quem se pede que ouça o faça por confiança. É o que todos almejamos. Que acreditem em nós. Dizermos algo que se toma como verdadeiro porque o dizemos simplesmente.

Valter Hugo Mãe, em A Desumanização

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

sobre a história de encomendar filmes a woody allen

Gosto bastante do Woddy Allen e da maioria dos seus filmes que vi, mas acho que é um grande erro uma cidade financiar um filme dele para se promover. Fala-se de lisboa e do rio de janeiro. Em primeiro lugar, existem realizadores de ambos as nacionalidades que já mostraram obras de qualidade. Seria também investir e divulgar o cinema nacional. Em segundo lugar, quem melhor para filmar determinada cidade que alguém que a conheça bem e/ou que seja residente? Por último, acho que impor uma cenário para um filme, especialmente para um Allen, não é criativamente natural. Vejam-se os seus dois últimos, ambos fora de nova york, um deles criado de raiz com paris como fundo, outro, encomendado para ser feito em roma. Fui apenas eu a achar o to rome with love oco?

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

sobre a privacidade na nova era

Tendo nascido na transição da mentalidade "analógica" para a digital, estou habituado a este choque de mundividências. Em especial quanto à "privacidade", conceito que muita gente considera antiquado, fora de moda, tenebroso até. Estamos no século da transparência, e o senhor Zuckerberg, guru com mais de mil milhões de devotos, defende que a sociedade ideal é aquela em que todos sabemos tudo sobre todos. Eu sou daqueles que acham isso uma boa definição de totalitarismo.
(...)
A ideologia transparente suspeita de qualquer ocultação, e a privacidade depende de uma ocultação. Por isso o "segredo", gravissimo ou banal, deve ser desvendado e divulgado. Estamos em territótio orwelliano: tudo é público, tudo tem interesse público, e a vergonha, o embaraço, o pudor ou a reserva são hábitos obsoletos, dos quais todos devem abdicar. Neste novíssimo Big Brother, ser constantemente observado é aceitável e benéfico, enquanto ser ignorado é uma tragédia.

Pedro Mexia, na sua crónica na Atual, do espresso

É isso, ainda que ache que o melhor termo não seja transparência, mas sim, esta acaba no que é privado. 


domingo, 22 de setembro de 2013

Memória eidética, número cinquenta e cinco


Beatriz Costa, Lisboa, nos anos 30, por Mário Novais

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

a sexta da bina

Sempre que me disserem que a bicicleta não é um modo de transporte eficaz eu mostro esta foto. Copenhaga, pleno inverno.

Snow Chatting - Cycling in Winter in Copenhagen

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

sobre a descrença

Pertenço a uma geração que herdou uma descrença na igreja. Se não foi isso, então é porque nunca me identifiquei, saliente-se, com a igreja católica. Por isso ouvir um papa dizer que a igreja é antiquada é uma muito boa nova. Como se diz nos casos das dependências, o primeiro passo é admitir. 

terça-feira, 17 de setembro de 2013

em resposta aos dizeres


Eu cá acho mais difícil encontrar um sítio onde cair vivo.

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

os vampire weekend com uma canção dos radiohead

Talvez nunca tenha dado a devida atenção aos vampire weekend. Conheço algumas canções que ficam logo a tocar na cabeça, mas mesmo assim essas canções nunca me levaram a querer ouvir mais. Até nos blogues que sigo e que costumam falar de música que também ouço já os vi, e mesmo assim nunca lhes peguei, até que, ontem, ouvi esta cover da exit music (for a film). Talvez seja desta.


domingo, 15 de setembro de 2013

Memória eidética, número cinquenta e quatro


Cabeça do Cristo Redentor quando estava a ser construído, 1930, Rio de Janeiro 

sábado, 14 de setembro de 2013

coisas que fazem de um homem um homem

Um filósofo qualquer, já não me lembro qual, disse que um homem só é verdadeiramente um homem depois de escrever um livro, plantar uma árvore e ter um filho, não necessariamente por esta ordem. Já o Camus dizia que, até aos 30, um homem tem de se conhecer como a palma da mão, saber o número exacto dos seus defeitos e qualidades, até onde é capaz de ir e até, vejam bem, saber onde vai falhar.

Tenho de plantar uma árvore.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

sobre a evolução das armas

E ao ouvir os sonhos de Tuahir, com os ruídos da guerra por trás, ele vai pensando: «não inventaram ainda uma pólvora suave, maneirosa, capaz de explodir os homens sem lhes matar. Uma pólvora que, em avessos serviços, gerasse mais vida. E do homem explodido nascessem os infinitos homens que lhes estão por dentro».

Mia Couto, em Terra Sonâmbula 

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

perspectivas

Vemos um homem a discursar, entusiasta, esbraceja, tem um blazer tweed e uma gravata de cor morta. Parece-nos alguém que sabe do que fala, que gosta do que fala, talvez um professor, não o conseguimos ouvir. Se conseguíssemos ver mais da plateia e não houvesse ninguém, se o homem entusiasta a discursar estivesse só, a discursar para ninguém, que pensaríamos agora dele? Talvez praticasse. E se estivesse a discursar, entusiasta, ainda com o blazer tweed e gravata de cor morta, para uma jaula de macacos, daqueles macacos pequenos que fazem disparates? Mesmo se estivesse a discursar, entusiasta, bracejando, para macacos, sobre as mais complicadas teorias da física quântica? A maioria das pessoas é ignorante no que toca a física quântica, como os macacos daqueles pequenos que fazem disparates.

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

das simples palavras

A mulher está a ler o jornal, as mãos tremem. Há uma qualquer notícia que a perturba. Não vemos o que é, só vemos a força com que ele amarrota o jornal, e depois o modo como o endireita outra vez e se dirige ao quarto. Pega na almofada, abre a fronha e põe lá dentro o jornal.
Alisa a almofada e coloca-a no sítio em que estava antes, como se nada fosse. Sai do quarto.
Fez aquilo como alguém que quer provocar pesadelos noutra pessoa. Quem dorme naquela cama, e que notícia assustou tanto aquela mulher?

Gonçalo M. Tavares, em Short Movies

domingo, 8 de setembro de 2013

Memória eidética, número cinquenta e três


Salazar numa fotografia que servia de modelo para busto, 1941, por Mário Novais

sábado, 7 de setembro de 2013

desumanizar

Tenho o hábito de humanizar as coisas e os animais. Talvez o contrário surtisse melhor efeito, desumanizar as pessoas, para as tornar melhores aos meus olhos.

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

o funeral de portugal


Não sei quem escolheu o coveiro, mas o enterro foi em guimarães, teve direito a viúva e tudo, pobre coitada, agora sobra-lhe o mundo para viver. Este B não falha uma, estava mesmo para acabar.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

albert camus sobre a liberdade


The only way to deal with an unfree world is to become so absolutely free that your very existence is an act of rebellion.

Albert Camus

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

sobre a vodka

Só e com uma rude dor de costas perguntou em voz alta se a vodka que bebia e fazia arder era realmente feita de batata. Nem importa, engolia, distraia-se com as sombras e manchas que desciam, pensando melhor era o mesmo com tudo o resto, era o mesmo com tudo o resto.

segunda-feira, 2 de setembro de 2013

domingo, 1 de setembro de 2013

Memória eidética, número cinquenta e dois


Eléctricos na Avenida da Liberdade, Lisboa, 1950, por Mário de Novaes