sexta-feira, 31 de maio de 2013

um diálogo interessante

Posso fazer-lhe também uma pergunta, Ora essa, senhor presidente, à vontade, Votou em branco, Anda a fazer um inquérito, Não, é só uma curiosidade, mas se não quiser não responda. O homem hesitou um segundo, depois, sério, respondeu, Sim senhor, votei em branco, que eu saiba não é proibido, Proibido não é, mas veja o resultado. O homem parecia ter-se esquecido do amigo imaginário, Senhor presidente, eu, pessoalmente não tenho nada contra si, sou até capaz de reconhecer que tem feito um bom trabalho na câmara municipal, mas a culpa disso a que está a chamar resultado não é minha, votei como me apeteceu, dentro da lei, agora vocês que se amanhem, se acham que a batata escalda, soprem-lhe, Não se altere, eu só pretendi avisá-lo. Ainda estou para saber de quê, Mesmo querendo não saberia explicar, Então tenho aqui a perder o meu tempo, Desculpe-me, tem o seu amigo à espera, Não tenho nenhum amigo à espera, só queria ir-me embora, Então agradeço que tenha ficado um pouco mais, Senhor presidente, Diga, diga, não faça cerimónia, Se algo sou capaz de entender do que se passa na cabeça de um homem, o que o senhor tem aí é um remorso de consciência, Remorso pelo que não fiz, Há quem afirme que esse é o pior de todos, o remorso de termos permitido que se fizesse, (...)

José Saramago, em Ensaio sobre a Lucidez

quinta-feira, 30 de maio de 2013

mais uma vez thom yorke pelo ambiente


Só chamou à atenção porque os tipos do Menos um carro traduziram old farts para velhos do restelo. Toda a minha esperança depositou-se num Thom Yorke que lê e cita Camões. Afinal não, mas música que faz e o activismo ambiental chegam para o respeitar. 

De qualquer forma, é de visitar o site da petição da Greenpeace, e se for o caso, assiná-la.

terça-feira, 28 de maio de 2013

assim é difícil óbidos não ser uma vila literária


Parece que é uma Ler-Devagar e foi erguida numa antiga igreja.

segunda-feira, 27 de maio de 2013

palavras sobre portugal vindas de fora da europa

Mais uma vez Paul Krugman comenta a actualidade portuguesa no seu blog no site do new york times, contanto também, num segundo post, as suas memórias passadas no nosso país. É curioso ouvir, na semana passada penso, comentários positivos às politicas económicas portuguesas vindos da europa e, fora dela, ouvir-se o contrário. Penso que é de ter em consideração este economista, nem que seja por ele ser nobel da economia e por ter passado pelo banco de portugal no período pós-revolução. Destaco ainda esta passagem por ser colectiva, ao invés de apenas direccionada ao nosso país.

I sometimes encounter Europeans who think my harsh criticism of the troika and its policies means that I’m anti-European. On the contrary: the European project, the construction of peace, democracy, and prosperity through union, is one of the best things that ever happened to humanity. And that’s why the misguided policies that are tearing Europe apart are such a tragedy.

Paul Krugman, in Portugal memories (trivial and personal)

domingo, 26 de maio de 2013

Memória eidética, número trinta e oito


Joan Baez e Bob Dylan numa marcha pelos direitos civis,  Washington, 1963, por Rowland Scherman

quinta-feira, 23 de maio de 2013

o que se passa em portugal e lá fora

Enquanto cá em portugal se fala de um miúdo que resolveu estampar um logótipo numas camisolas e vendê-las, lá fora um um outro miúdo de 17 anos construiu uma máquina de PCR através de electrodomésticos velhos e uma rapariga de 18 desenvolveu um dispositivo que permite carregar um telemóvel em cerca de 20 segundos. E agora?

quarta-feira, 22 de maio de 2013

um poema para encarar a vida como poesia


Com as lágrimas do tempo
E a cal do meu dia
Eu fiz o cimento
Da minha poesia.

Vinicius de Moraes, em Rio de Janeiro

segunda-feira, 20 de maio de 2013

sobre a relatividade

Se tudo é relativo a um ponto comum talvez todos tenhamos razão, pensou Franz para si. Se tal é verdade para as leis da matemática e da física, discutir, argumentar, ou o que quer que seja, passa também a ser relativo, é como se diz: são pontos de vista. Como estar frio, ou estar calor, ou o tempo demorar a passar quando se espera e viajar à velocidade da luz nos momentos melhores, que se diz que duram para sempre. Esta duração é também relativa! E ser justo? Ser bom, mau, ser assim-assim. Caramba, exclamou já em som. Era a primeira vez que se sentia tranquilo por ser um simples trabalhador fabril. Franz havia encontrado o seu referencial.

domingo, 19 de maio de 2013

Memória eidética, número trinta e sete


Joy Division, Manchester, 1979, por Kevin Cummins

sexta-feira, 17 de maio de 2013

o sentido da vida por miguel gonçalves mendes


Confesso que acho que a maioria das conversas sobre o sentido da vida são balelas. Kafka dizia que o significado desta é que ela findava, concordo com ele e penso que isso remeta imediatamente para a subjectividade do tema. O filme de Miguel Gonçalves Mendes (de José e Pilar) poderá ir para além desta simples discussão, não sei, promete ter uma narrativa interessante, mas que levará também ao facto de cada individuo ter o seu próprio significado. Mais interessante é a forma do co-financiamento, em que deixa qualquer pessoa participar, em vez de apenas apoiar.

Já podem ser vistas algumas partes, ou esboços de como elas vão ficar, vejam a passagem do valter hugo mãe. Acalma e faz pensar em nós próprios e na simplicidade da vida. Pelo menos foi o que me aconteceu. 


quinta-feira, 16 de maio de 2013

sobre a utopia da maioria do voto em branco

Ainda nem vou na centésima página do Ensaio sobre a Lucidez, ler dois saramagos seguidos não é coisa leve, mas já vou pondo em paralelo o que está a acontecer no livro com o que se passa na realidade em portugal. Pensar numa maioria votante em branco cá é, sem qualquer sombra de dúvidas, utópico, até numa maioria de esquerda é. 
É um exercicio engraçado pensar nesta possibilidade e no que sucederia, talvez não chegasse a um cenário tão extremo como o do romance, mas a verdade é que em portugal, pelo que pesquisei, os votos em branco não contam, e se houvesse uma maioria dos votos em branco ganharia o candidato com o maior número de votos expressos. É justo? Não creio. E se, utopicamente ao quadrado, 90% dos votos fossem em branco, e o candidato com maior número de votos tivesse apenas 5%? Ganharia à mesma? E qual o sabor desta vitória?

terça-feira, 14 de maio de 2013

a tropicália de jp simões

e com um vídeo todo catita.


domingo, 12 de maio de 2013

Memória eidética, número trinte e seis

Andy Warhol e Salvador Dalí, Nova York, 1964, por David McCabe

quinta-feira, 9 de maio de 2013

é assim que deve ser a luta contra as barragens

Era assim que deviam ser as manifestações contra a barragem do tua cá em portugal. Tiravam-se os índios e punham-se as velhinhas, tirava-se os dialecto indígena e punha-se o mirandês, tiravam-se as lanças e as flechas e traziam-se os instrumentos da terra ou os parafusos soltos e ferrugentos da linhas do tua. Assim é que devia ser, uma união e uma festa bonita.

quarta-feira, 8 de maio de 2013

esse silêncio que é só teu


Da mesma forma que a tua voz é só tua
o teu silêncio será sempre o teu silêncio
E num filme mudo de lisboa
os dead combo são sempre pano de fundo


dead combo - esse olhar que é só teu

domingo, 5 de maio de 2013

sexta-feira, 3 de maio de 2013

sobre o homem duplicado

Acabei de ler O Homem Duplicado. Gostei, é um bom livro, acabei-o ontem de manhã e logo fiz uma pequena pesquisa sobre o mesmo. Costumo fazer este tipo de pesquisas para conhecer outras interpretações sobre os livros que li ou verificar se são as mesmas que eu próprio concebi. Descobri que Denis Villeneuve está a adaptar esta obra de Saramago ao cinema, realizador canadiano conhecido por outros filmes como Incendies e Polythechnique. Espero que seja uma boa adaptação, mas penso que a história, pelo sua natureza tumultuosa e também pelo seu simbolismo, tem potencial para dar uma boa obra cinematográfica.


quinta-feira, 2 de maio de 2013

o sarcasmo como arma de poder politico ou o caso de hitler para nobel da paz

Reza a história que Hitler fora uma vez nomeado para receber o prémio nobel da paz, Adolf Hitler precisamente, o líder nazi, para que não restem dúvidas de que estamos a falar da mesmíssima pessoa e não vá haver um outro conhecido Adolf Hitler na história da humanidade. Hitler foi de facto nomeado por um voto em 1939, ano em que começou a segunda grande guerra, mas o espantoso nesta pequena história não está no nomeado, mas sim no nomeador, um tal de Brandt, membro do parlamento sueco. Ao que parece este Brandt era um vigoroso antifascista e pretendia que esta nomeação fosse um género de comentário sarcástico, uma provocação à política que o rodeava.