quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

a mais bela descrição de um coveiro

eu descobri muito cedo, o homem mais triste do mundo recolhia os mortos, juntava-os um a um nos braços, dava-lhes terra e silêncio para comerem, até que parecessem a terra e o silêncio e os pudéssemos voltar a ter entre nós, como os que ficavam segurando e rodeando as flores do jardim só capazes de sussurrar na aragem mais leve. mortos de terra entre nós, para entre nós preservarem uma ligação com as nossas almas, eram como um perfume débil percebido apenas pelas gentes mais sensíveis.

valter hugo mãe, in o nosso reino.

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