quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

o passos e o coelho

Sou todo a favor de ideias estupidamente criativas para manifestações, incluído as das facturas, mas usar um coelho morto (note-se com pêlo ainda) é de um extremo mau gosto e reflecte bem a forma a sociedade olha para os animais. Estando neste ponto, mais longe está ainda a abolição das touradas.

E concordo com o senhor primeiro-ministro quando diz que é preciso mais que a indignação para combater a crise. Grande parte que falta cabe-lhe a ele e à sua equipa (de gangsters).

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

The Valley, de Tiago Sousa




Vinda dos sons primaveris que falei no outro dia. Todo o Western Lands é um disco a ser ouvido e descoberto.

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Memória eidética, número vinte e cinco

José Afonso numa manifestação da Amnistia Internacional, Londres, 1979

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Cadernos da Tese: a tranquilidade primaveril de Tiago Sousa a acompanhar a minha ansiedade

Faltar pouco mais de uma mês para a derradeira entrega da tese e ainda ter dados essenciais a receber deixa-me ansioso. Há uns meses atrás falava em ritmo, de querer chegar ao ponto de adormecer pensando nela e acordar já pronto a concretizar, desejo que era acompanhado pelas canções frenéticas do filho da mãe. Estando já nessa fase, em que só quero pensar no trabalho, em que a ansiedade domina, a música que me acompanha cheira mais à tranquilidade da primavera que virá, e essa tranquilidade é musicada pelo The Western Lands de Tiago Sousa, um senhor que tem discos lindos (e gratuitos) para a malta ouvir.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

o horizonte


fazer do mar horizonte
e do horizonte destino


Ionian Sea, Santa Cesarea, Itália, 1990, por Hiroshi Sugimoto

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

sobre relvas no iscte

Convidar Miguel Relvas para falar numa conferência no iscte, ou noutra faculdade, não é convidá-lo para entrar na toca do lobo? E ver um membro do governo a ser vaiado, impedido de falar e sair do edifício, ao ponto de este ter de sair escoltado, não é um mau presságio?

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

o ponto claro lá atrás

O certo era que o mais afastado no tempo tinha mais vida. Havia também mais bondade na vida, e mais vida propriamente dita. As duas coisas fundiam-se. «Como os sofrimentos não param de aumentar, a vida torna-se cada vez pior», pensava ele. Há um ponto claro lá atrás, no passado, no princípio da vida, mas depois tudo fica cada vez mais negro e rápido. «É inversamente proporcional ao quadrado das distâncias da morte», pensava Ivan Iliitch. E a imagem da pedra que caía a uma velocidade crescente calou-lhe fundo na alma.

Lev Tolstoy, in A morte de Ivan Iliitch

Os livros também não se medem pelo número de páginas. Este, embora pequeno, é grande.

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Memória eidética, número vinte e quatro

Lev Tolstoy a trabalhar, 1908

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

sobre pedidos de facturas

Sou o único a achar que multar o consumidor por não pedir factura é medida de um autoritarismo manso? 

Existem boas e más maneiras de fazer os cidadãos e comerciantes mais cumpridores, embora já o devessem ser. Uma das boas é a dedução dos 5% do IVA em IRS (ainda que se mostre insignificante) e umas das más é penalizar os portugueses por não pedirem factura, e sim, de certa forma torná-los queixinhas. Multar é uma maneira mansa de mostrar quem manda, a forma severa é o acto de enfardar alguém de porrada, como era antigamente feito.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

Cadernos da Tese: quando éramos pioneiros

A minha tese de mestrado tem um tema com muita pouca ciência, mas que faz diferença entre atrair ou repelir passageiros dos transportes públicos: os tarifários. Por vezes nem se trata de ser caro ou barato, mas sim de ser atractivo e user friendly, coisa que de momento não é. E depois há aquele sentimento de desilusão ao ver que tudo em portugal, vai parar ao mesmo pote, o da ruína. Lisboa foi das primeiras cidades europeias a ter um sistema integrado de tarifas, que foi para o ar porque outros interesses se elevaram (aqueles interesses que se elevam sempre e nos deixam ficar onde geograficamente estamos). E depois é ver casos de estudo de outros países e pensar: esta coisa é bem simples e bastante bem pensada. Pois, está claro que é.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

sobre a foto de lisboa vista do espaço

Por certo que já todos viram a foto que o astronauta Chris Hadfield, de lá de cima, tirou a lisboa. É sempre bom ver portugal reconhecido nas voltas de um homem no espaço, mas, a mim, chega sempre um olhar crítico: à noite, a cidade e as suas redondezas têm luzes garridas, mas é quase impossível fazer a distinção entre o que é água e o que está para além delas. Seria ainda mais interessante ver a foto do país inteiro, que não é assim tão grande para ter apenas três ou quatro focos de luz.


de qualquer maneira passem pela conta do twitter do senhor, que tem umas quantas fotografias bonitas.

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Memória eidética, número vinte e três


Henry Miller e a sua fixed gear, Santa Mónica, 1975, por Peter Gowland

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

as primeiras impressões da metamorfose

comecei a ler a metamorfose de Kafka, não vou muito adiantado, mas foram logo os primeiros pensamentos que me prenderam. não sei o que é mais normal, um tipo acordar transformado num insecto gigante, ou o facto de ter acordado assim e conseguir rastejar mentalmente sobre as preocupações de estar atrasado para o emprego. e não digo isto como uma critica negativa, gostei.


quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

sobre olhos de mongol

sempre que ouço este disco, ouço-o incansavelmente por dias e dias. tem-me acompanhado ultimamente e faz-me recordar das primeiras vezes que o ouvi. foi com ele que conheci os linda martini, já um pouco tarde, conquistaram-me de imediato. pela sonoridade zangada e melancólica, pela lírica sem merdas. é um disco com todas as fases da dor. foram ouvidos de mongol.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

domingo, 3 de fevereiro de 2013

Memória eidética, número vinte e dois


Mário Cesariny, 1970, por Eduardo Tomé

sábado, 2 de fevereiro de 2013

um poema para ter cesariny como bengala

É preciso dizer rosa em vez de dizer ideia
é preciso dizer azul em vez de dizer pantera
é preciso dizer febre em vez de dizer inocência
é preciso dizer o mundo em vez de dizer um homem

É preciso dizer candelabro em vez de dizer arcano
é preciso dizer Para Sempre em vez de dizer Agora
é preciso dizer O Dia em vez de dizer Um Ano
é preciso dizer Maria em vez de dizer aurora

Mário Cesariny, in exercício espiritual

nem quero saber do que escrevo, escrever é para mim um exercício espiritual. não é como a matemática, que é um exercício da razão. não me interessa ter razão, interessa-me ter as minhas palavras. tê-las é mais que não as ter.

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Sem Título #39

Franz lembrava-se bem das lições que aprendera dos documentários sobre o mundo animal, no qual afinal pertencia. Haviam animais que migravam. a determinada altura do ano, sempre a mesma, seguiam até um mesmo sítio e também pela mesma rota. passado algum tempo regressavam. E haviam animais que seguiam juntos, não paravam, apenas seguiam. aquele a ficar para trás era um animal perdido. estar perdido, para cada um daqueles animais que seguiam, era estar morto, não existir mais. um animal perdido era, portanto, um animal não existente. Franz via que também o mundo racional era assim, ainda que racional devesse remeter para um pensamento próprio.