Comboio da Linha do Tua, Sendas, 1975
Nas muralhas da cidade
Há 17 horas
Misty is a drunk, shamanic drifter character offering you a cup of his home-brewed ayahuasca tea. There is nothing naive or sentimental about him. He’s a loner who doesn’t see the world as being worth saving. ‘Father John Misty’ is not really even meant to be taken as a literal person, more like an avatar of mischief. He likes to needle people a little and freak ‘em out. But I could’ve called him ‘Steve.
Tu és o teu mundo, tu és o teu fundo,
tu és o teu poço, és o teu pior almoço
és a pulga na balança, és a mãe dessa criança,
és o mal, és o bem, és o dia que não vem
Borboleta, Foge Foge Bandido
Nessa tarde, com a serenidade melancólica de quem tomou uma resolução dolorosa, foi passear ao acaso para fora da vila. E ia resumindo a sua existência, procurando explicá-la: donde vinha que que só recebera do mundo desilusões? Da falta de simpatia, pensou. Quem o tinha estimado, amado, desde que o seu pai morrera, e que ele entrara na vida? Ninguém! Em Coimbra, não tinha amigos: para os seus companheiros, com quem comia, a quem admirava, era o Arturzinho, o caloiro. Tinha passado na geração académica desconhecido, ruminando as suas exaltações, encolhido na sua batina, sem ruído. Um dia, o caloiro fora para a terra, acabou-se! Depois, em Oliveira, - quem encontrara? O Teodósio era o bruto, para quem a amizade era acompanhá-lo de madrugada, entre os restolhos de Santo Estêvão, à caça das perdizes! O Rabecaz, que sabia ele de afeições, de ligações de espírito, aquele embrutecido, retirado, pela pobreza, dos bordéis e das batotas, - vivendo entre o copo de aguardente e uma carambola catita? E em Lisboa? O Meirinho, caloteara-o; o Melchior, explorara-lhe jantares e tipóias; o Nazareno, chamava-lhe vilão, o Damião canalha; o Manolo, roubara-lhe a rapariga; e querer ser estimado pelo Videirinha, era como ser perfumado por um esgoto. Nunca recebera o amparo da Amizade, nem sentira o calor fortificante da Simpatia ambiente, sem o qual o homem vai pela vida, com por uma floresta escura, tropeçando contra troncos que o magoam, atirando-se a silvados que o ferem - sem encontrar a estrada real, onde está a luz, a paz. Ninguém! Ninguém!
Não, enganava-se: alguém o amava, uma pobre velha, simples, de coração amante, que ela mesma na vida só tivera lágrimas - e que estava, agora, sob a lousa, naquele cemitério, de que ele via, ao fundo do atalho por onde ia caminhando, os ciprestes agudos. E apressou então o passo, para ir ver a sepultura da tia Sabina.
Eça de Queirós in A Capital!
É o meu brinquedo, é o meu brinquedo!Eu estrago, eu arranjo, eu entendo
E sobretudo é nele que eu aprendoA calar meu medo
Ricardina, essa, desaprovara com espalhafato «o despautério do menino». E era isso, para fazer versos, que arrasava a sua saúde, deitando-se de madrugada e trazendo aquela cara escaveirada. Vissem onde os versos tinham levado o avô Teotónio! E era um talentão, esse, íntimo de fidalgos, conhecido na Corte!... Pois lá morrera, numa enxerga de hospedaria, com uma camisa na mala e um montão de papelada!... E no seu horror à Poesia, que ela considerava a origem fatal da fome e do vício, pediu a Vasco que trouxesse o menino a ideias mais sérias, mais práticas, de carreira e de futuro: e o farmacêutico fê-lo com palavras muito graves, muito meditadas: se o senhor Corvelo gostava de empregar os seus vagares, como era justo na sua idade, porque não unia o útil ao agradável, e porque não estudava a bela Física, a bela Química, que lhe seriam de tanto auxílio no seu futuro farmacêutico? E acrescentou com bondade:- Eu não digo, quando se tem já uma posição na sociedade, e alguns vinténs de lado, que não seja bonito poder produzir um bom acróstico, ou , sem malícia, um engraçado epigrama... Mas fazer da poesia a principal ocupação, não! Desculpe-me o senhor Corvelo, essa é uma grande imprudência, e há-de concorrer para o desviar dos seus deveres...Artur empalidecia de raiva.
Eça de Queiroz in A Capital
eidéticoadj.1. [Filosofia] Que se relaciona com a essência das coisas.2.Actualmente usado para descrever algo marcado por ou envolvendo memórias extraordinariamente precisas e vividas, especialmente as visuais.imagens eidéticas: espécie de imagens visuais de particular nitidez e quase alucinatórias, na criança.memória eidéticacapacidade de se lembrar de coisas ouvidas e vistas, com um nível de detalhe quase perfeito.