terça-feira, 16 de abril de 2013

a evolução do léxico e o léxico renitente

Em consequência do post de há uns dias atrás, a função da palavra, surgiu-me mentalmente outra hipótese. Se, em tempos primitivos, o palavreado não chegava para o que se queria dizer, agora algumas palavras talvez estejam condenadas ao desuso. Não tenho uma ideia precisa de como evoluiu o conjunto de palavras que é a língua portuguesa, tal deve ser objecto de um ramo da história, mas a verdade é que os mais antigos usavam um conjunto de palavras mais elegantes no seu vocabulário diário. Palavras que hoje não se falam nem se escrevem, mas existem. Não é que actualmente não se acrescentem palavras às novas edições do dicionário universal da língua portuguesa, mas só me vêm à memória estrangeirismos e o calão, como quando acrescentaram o bué e o fixe. E estes livros, não passarão a ser também registos ou arquivos das palavras da nossa língua?

Abri aleatoriamente o dicionário, é escolar e por isso não serve o propósito deste exercício na perfeição, e encontrei poucas palavras que desconheço - réprobo, repelão,  repimpar, repontar, reposteiro - mas muitas que não ouço diariamente. Com uma certa vontade renitente, vou aprender e usar uma palavra nova a cada dia. Hoje foi renitente, adjectivo para teimoso e para algo que resiste.




6 comentários:

Anónimo disse...

Obrigada, uma das coisas que mais gosto na fotografia é estar atenta ao ponto de ver este pormenores... há tantas coisas interessantes que normalmente nos passam ao lado...

Anónimo disse...

Há dias pus-me a pensar na razão por que não leio Literatura dos nossos tempos. Concluí que em parte é por não me identificar(/interessar) com as vidas que descreve, mas muito também porque o vocabulário hoje é insípido. As descrições são mais simples, não há grande acção de pormenor nos nossos dias. Os objectos do nosso dia-a-dia são diferentes, fáceis de usar, com nomes que não telintam; no auge as pessoas acendem cigarros. Já ninguém se senta para escrever cartas (bem, eu sento), não se lacra nada, nem é preciso preparativos para viagens, nem há vestíbulos, etc.; também a interacção entre pessoas é mais limitada (ah, há mais sexo, sim, mas pouco se vai para além disso).

Gosto de dicionários de sinónimos. Tenho um amigo que vai partilhando comigo algumas coisas e por vezes uma só palavra é suficiente para nos entreter minutos afora.

Anónimo disse...

é fantástico ver como os outros vêem o mundo... ver as coisas de outra perspectiva :)

efemota disse...

humming,

por acaso reparei nisso que disseste quando saltei entre gerações diferentes de escritores, mas mesmo assim e mesmo lendo apenas uns 3 escritores jovens com regularidade, acho que são bons, mas tendem a não descrever a actualidade ou essas coisas triviais dos dias de hoje.

mas também concordo com o que dizes, hoje vive-se tão rapidamente que é difícil falar de hoje, mas por outro lado talvez isso seja um bom motivo para sobressaírem coisas diferentes e com qualidade ao nível da literatura, e também de outras artes, não achas?

Anónimo disse...

Sim, é de esperar que sim. Não rejeito os autores actuais. Noutras artes têm-me chegado, eventualmente há-de chegar algum escritor também (quem sabe até através do teu blog).

efemota disse...

espero que sim :)