Bert Stern, Nova York, 1979, por Micheal Somoroff
Nas muralhas da cidade
Há 16 horas
A questão é que, durante o século vinte, o automóvel foi subsidiado a uma escala gigantesca. As estradas todas bem pavimentadas que vão até às terrinhas mais pequeninas e às regiões obscuras dos Estados Unidos não foram construídas nem são mantidas pela GM e a Ford - nem sequer pela Mobil e a Esso. Essas empresas colheram benefícios enormes graças a esse sistema. Deixou-se que as linhas ferroviárias para as cidadezinhas definhassem e morressem e, para a maior das mercadorias o transporte por camião tornou-se a forma mais barata, e por vezes única, de fazer deslocar os produtos de um lado para o outro.
David Byrne, em Diários da Bicicleta
É familiar? Era bem pertinente estudar todos resgates, este está no documentário The Take.Enquanto a Argentina vivia sob a ditadura militar nos anos 70, o FMI e o Banco Mundial providenciaram empréstimos e, em troca, exigiram que as indústrias argentinas fossem abertas a investidores estrangeiros e que as indústrias nacionais fossem privatizadas. Passado pouco tempo, o país tinha contraído uma dívida pesadíssima (o que é bastante típico sempre o Banco Mundial se envolve em algum sítio) e o desemprego crescera.
David Byrne, em Diários da Bicicleta
Estranhamente, a recente espiral descendente da economia pode vir a ser uma grande oportunidade. A sustentabilidade, os transportes públicos e as ciclovias já não são motivo de troça das pessoas. (...) Muitas vezes, apenas é preciso alguma vontade política, e uma ou duas alterações significativas, para que as coisas comecem a mudar por si próprias.
David Byrne, em Diário da Bicicleta
portugal está para acabar
é deixar o cabrão morrer
sem a pátria para cantar
sobra um mundo para viver
chegam flores do estrangeiro
já escolhemos o coveiro
por mim é para queimar
mas não quero exagerar
não à glória nacional
não à força não letal
já não canto sobre amores
nem me perco no recheio
é que em terra de amadores
basta ter o pau a meio
faz sinal ao galo vencedor
que esta dança é arriscada
vai pela crista não vás num bom cantor
que a cantiga está mal parada
B Fachada, em deus, pátria e família
Um óptimo, e talvez mais importante, ponto de vista que nunca tinha ouvido de ninguém das bicicletas, o da proximidade. Prevê-se que este blogue se venha a tornar mais ciclável, dado à leitura deste livro.A mesma sensação de liberdade que experimentara em Nova Iorque voltou a surgir enquanto pedalava por várias das principais cidades do mundo. Sentia-me mais próximo da vida nas ruas do que teria acontecido se tivesse dentro de um carro ou a utilizar algum tipo de transporte público: podia parar sempre que quisesse; muitas vezes (mesmo muitas), era mais rápido do que um carro ou um táxi para ir do ponto A ao ponto B; e e não tinha de seguir de seguir nenhum percurso predeterminado. O mesmo entusiasmo, à medida que o ar e a vida nas ruas passavam por mim a correr, repetiu-se em cada cidade. Para mim tornou-se um vício.David Byrne, em Diários da Bicicleta