sexta-feira, 9 de agosto de 2013

o dia em que conheci urbano tavares rodrigues

não pessoalmente, mas através de uma entrevista no ípsilon. Não conhecia Urbano Tavares Rodrigues de cara, apenas de nome, os nomes feitos de três palavras soam sempre familiares, mas foi precisamente o seu rosto que me levou a ler aquela entrevista. Era um rosto já enrugado, transparente, e dotado de uma gentileza aberta, como se o próprio dono daquele rosto fosse incapaz de não o ser, mas também de uma certa vulnerabilidade no olhar. Li a entrevista e a vulnerabilidade foi desaparecendo, ficou a transparência, identifiquei-me. Talvez me identifique sempre com algo diferente ao que estou habituado, afinal Urbano Tavares Rodrigues era um senhor de quase noventa anos que falava abertamente de erotismo e com algumas ideologias que me agradaram, ambas muito pouco comuns nas pessoas mais velhas com quem convivo e muitas delas com metade da idade do escritor. Enfim, é por me identificar que sigo e leio ou ouço ou vejo, é um ciclo, e vou com certeza continuar a ler o senhor dotado de uma gentiliza aberta.


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